Da Ciência e da revelação
«- O homem não poderá, pelas investigações da Ciência1, penetrar alguns dos segredos da natureza?
- A Ciência lhe foi dada para o seu adiantamento em todos os sentidos, mas ele não pode ultrapassar os limites fixados por Deus.»
O conhecimento advirá do trabalho, da investigação, da seriedade, do rigor. Mesmo com equívocos pelo meio, porque o progresso é feito de avanços e paragens e novos avanços. Tal como o nascer, morrer e renascer. O progresso é feito de tese, antítese e síntese. O crescimento é espiralado, a linha recta soa a quimera.
A Ciência não convida ao materialismo; materialistas existem com Ciência ou sem Ciência. Tal como os orgulhosos. E os egoístas. (O progresso intelectual, o desenvolvimento da inteligência, precede o progresso moral porque aquele permite entender a necessidade deste (LE 780 e seguintes.) A Ciência é mais propícia a espiritualizar do que qualquer religião, porque o uso da inteligência aproxima de Deus. (Ainda se lembra que Deus é a inteligência suprema?) Se acredita-se nas assertivas evangélicas, entenda-se que o “procurai e achareis” refere-se a labor intelectual, a estudo, a raciocínio.
Isto conduz-nos à excepcionalidade da revelação divina, que somente ocorre quando após porfiado esforço o homem fica aquém do entendimento certo.
«- Pode o homem receber, fora das investigações da Ciência, comunicações de uma ordem mais elevada sobre aquilo que escapa ao testemunho dos sentidos?
- Sim, se Deus o julgar útil, pode revelar-lhe aquilo que a Ciência não consegue apreender.»
Ora este carácter excepcional deve pôr-nos em alerta relativamente aos livros de médiuns (sobretudo livros de médiuns) em que abundam revelações. A acreditar no LE, e na experiência que a História conta acerca de revelações, esse não é o método divino. O logro do caminho fácil, sobretudo se travestido de profecia, tem sido apelativo. O sério atrai os homens de ciência, o agradável deleita o vulgo, assim disseram os Espíritos a A. Kardec.
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