O cérebro, a fábrica da inteligência?


«76. Que definição se pode dar dos Espíritos?

- Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.»

NOTA: A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente universal.

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Comummente associa-se a inteligência ao cérebro, porque é o que tem sido transmitido e ensinado desde o triunfo do materialismo nas ciências, sendo ainda dogma da ciência ortodoxa o mecanicismo e o fisicalismo. Daí que, em consequência desta fé materialista, a ciência ortodoxa considere heresia que se levante a simples possibilidade de existência de fenómenos psíquicos. Deus e alma são conceitos que não entram no seu vocabulário, porque reintroduzem o vitalismo que quer ver erradicado. Crê que a inteligência, e a consciência, decorrem de processos físicos e químicos.

A ciência ortodoxa vive enjaulada no dogma (todo o dogma é jaula), e tudo o que se passe fora da jaula (ou caverna de Platão) é simplesmente impossível, portanto inaceitável até como hipótese de investigação.

Mas depois vêm aqueles casos chocantes, como o que passo a relatar.

Em meados de 1980, um artigo publicado pela revista Science, assinado pelo neurologista britânico John Lorber (1915 – 1996) relatava o contacto com um aluno de Matemática da Universidade de Sheffield que praticamente não possuía o órgão (apenas 5%).

Dentro do artigo baptizado de “O cérebro é realmente necessário?”, Lorber cita que o estudante sempre relatou possuir fortes dores de cabeça. Então, ao examinar o paciente, detectou que a cabeça do jovem era um pouco maior do que o habitual e sofria de uma condição específica chamada hidrocefalia, que ocorre quando o líquido cefalorraquidiano (LCR; também denominado fluido cerebrospinal ou líquor) se acumula dentro das cavidades internas do cérebro.

Na primeira vez que analisou o caso, o pesquisador ficou espantado pelo facto da falta de massa cerebral na cabeça do paciente não ter representado sequer uma perda de movimentos, processos sensoriais, falhas na memória ou perda em outras funções cognitivas.

Isso fez com que Lorber passasse a ver o cérebro como um órgão com "grande redundância nas funções" e que poderia ter os hemisférios em falta compensados por uma pequena quantidade de matéria cerebral. De maneira geral, a hidrocefalia costuma ser fatal nos primeiros meses de vida de uma pessoa ou causar deficiências nos sobreviventes.

Porém, o jovem estudante não só sobreviveu como também se formou com louvor em matemática — o que só aumentou a curiosidade do cientista. Foi então que John Lorber decidiu examinar mais de 600 casos de hidrocefalia para aumentar sua perspectiva sobre o caso.

Durante o estudo, os pacientes com hidrocefalia foram separados em quatro grupos:

  • Pessoas com cérebro quase normal e crânio com volume líquido inferior aos 50%;

  • Crânio com volume de líquido entre 50 e 70%;

  • Crânio com volume de líquido entre 70 e 90%;

  • Crânio com volume de líquido até 95%

A análise demonstrou que metade das pessoas examinadas possuíam incapacidade mental severa. Mas, por outro lado, o restante dos pacientes registou quociente de inteligência (QI) maior que 100. No caso do estudante de Matemática, o QI era de 126 — o que indica um nível de inteligência bastante superior.

Em 2007, o jornal de medicina The Lancet relatou um caso parecido na França. Um funcionário público de 44 anos fez uma série de exames após se queixar de fraqueza na perna esquerda. Uma tomografia da sua cabeça revelou que ele tinha um cérebro minúsculo e o restante do neurocrânio estava preenchido por um líquido. De acordo com os médico Lionel Feuillet, da Universite de la Mediterranee, em Marselha, quando o paciente era criança foi colocado um dreno na sua cabeça para retirar o excesso de fluido causado por uma hidrocefalia (mas o dispositivo foi retirado quando completou 14 anos). Segundo os médicos, a condição não impediu o paciente de levar uma vida normal. Além de trabalhar, o francês casou e teve dois filhos.

Então, e agora, qual vai ser a negação?

(A negação é um dos muitos mecanismos de defesa do ego cujo principal objetivo é proteger o indivíduo de uma realidade ou verdade dolorosa - e para um materialista dogmático reconhecer que o Espírito existe e que o mecanicismo é um logro é doloroso. Assim, para evitar entrar em choque ou ficar psicologicamente abalado, o indivíduo entra em negação. Essa decisão é tomada inconscientemente, por isso, o indivíduo tem dificuldade para perceber o seu comportamento. Quando se dá conta do que está a fazer, a tendência é ignorar os aspectos prejudiciais desse mecanismo de defesa e continuar em negação - e é por isso que apesar das evidências continua irredutível na posição, com prejuízo para o desenvolvimento da ciência.)

É, pois, admissível que o cérebro seja o meio por onde a inteligência atributo do Espírito se manifesta na relação que mantém com a matéria quando encarnado, mas não precise do cérebro para existir, e em alguns casos o Espírito possa prescindir dele para a manifestar nessa mesma relação com o mundo material.


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