Inédia


Será a ciência nutricional actual tão precisa que pode explicar cada detalhe da actividade energética em animais e pessoas? A resposta é «não». A investigação cuidadosa e precisa pode, em última análise, apoiar o dogma ortodoxo, mas, actualmente, é uma suposição e não um facto. Apesar de a maioria das pessoas não se aperceber disso, existe uma possibilidade chocante de os organismos vivos recorrerem a formas de energia superiores às reconhecidas pela física e pela química padrão.”1

Fenómeno intrigante é o das histórias recorrentes de pessoas que parecem capazes de viver durante meses ou anos sem comer e sem beber, fenómeno este conhecido como inédia. Desde séculos recuados que há relatos de casos destes, e se dos que não foram controlados não se pode excluir a fraude, porque há sempre quem por cinco minutos de fama se preste a qualquer papel, investigações recentes (séculos XX e XXI) provam que tal é possível e acontece.

Entre as populações em que ocorre este fenómeno tem tido uma interpretação sobrenatural, mística, e dado origem a santos(as), seja no hinduísmo, seja no catolicismo. Porém, a inédia pode e dever ter uma interpretação natural, isto é, de fenómeno que apesar da ainda excepcionalidade não implica a intervenção de algo, ou alguém, sobrenatural.2 Então, o que explica a inédia?

Na Índia, a explicação mais comum para a capacidade de viver sem comida é que a energia deriva da luz solar ou da respiração, em particular do prana3, uma força vital na respiração. É por isso que algumas pessoas que afirmam viver com pouca ou nenhuma comida se intitulam «respiradores»4. Curiosamente, a teoria do prana não desafia por si só o princípio da conservação da energia: sugere que algumas pessoas podem obter toda a sua energia de uma fonte que não seja a alimentação.”5

A ideia de energia ou força como princípio activo da natureza é fundamental para a ciência. É também uma concepção antiga nas tradições religiosas. O princípio activo é o respirar ou o espírito. Não será por mero acaso que em Génesis, 2,7 diz: «E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.»

O fluxo da energia através dos organismos vivos pode não depender apenas do conteúdo calórico dos alimentos e da fisiologia da digestão e da respiração. Pode também depender da forma como o organismo está ligado a um maior fluxo de energia em toda a natureza. Palavras como espírito, prana e chi podem referir-se a um tipo de energia que a ciência mecanicista tem ignorado, mas que poderia aparecer quantitativamente por discrepâncias nos estudos calorimétricos. Se tal forma de energia existe, como está relacionada com os princípios da física, incluindo o campo de ponto zero. A fisiologia pode estar seriamente incompleta e ter muito a aprender com sistemas de cura como o xamanismo, curandeiros, praticantes de yoga, ayurveda e acupunctura.”6

1 Dr. Rupert Sheldrake, A Ilusão Científica, A quantidade total de matéria e energia é sempre a mesma?

2 Um papa, Bento XIV, já no século XVIII, baseado numa investigação pedida à faculdade de medicina da Universidade de Bolonha favoreceu ele próprio uma explicação natural, o que é revelador do entendimento da inexistência de milagre.

3 Na cultura tradicional chinesa toma o nome de Qi. O conceito também está presente nas tradições praticadas no Japão e na Polinésia.

4 Existe um movimento ocidental, que dá pelo nome de respiratoriano, que advoga esta prática.

5 Ibidem

6 Ibidem

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