Psicometria

A Psicometria é uma área da Psicologia que alia o uso de métricas ao conhecimento psicológico. A ideia é estabelecer medidas para construtos (construto: construção mental ou síntese feita a partir da combinação de vários elementos) relacionados a variáveis psicológicas. Ou seja, ela realiza medidas de características do psi. Assim, com a Psicometria é possível estabelecer medidas para o nível de inteligência, emotividade, sociabilidade, atenção concentrada, maturidade motora, criatividade, personalidade e diversas outras variáveis.

Mas Psicometria é também a faculdade pela qual o sensitivo em contacto com objetos, pessoas ou lugares relacionados com acontecimentos passados, sintoniza-se de tal maneira com eles que os descreve com precisão.

Mas vamos ao início da história.

No ano de 1842, o médico e professor de fisiologia norte-americano Joseph Rhodes Buchanan (1814-1899) teve como paciente o bispo episcopal Leonidas Polk (General Polk durante a Guerra Civil) que lhe contou sobre a sua curiosa sensibilidade às condições atmosféricas, eléctricas e outras condições físicas. Se tocasse em latão no escuro, ele imediatamente o reconheceria por sua influência e pelo gosto metálico na boca. Buchanan começou a fazer experimentos e logo descobriu que essas sensações não se restringiam apenas ao sentido do paladar. Verificou que sensitivos quando colocados ante pessoas doentes definiam a doença e localizavam-na; ao colocar na fronte de sonâmbulos (sonambulismo: estado da alma que se liberta do corpo físico e entra no plano espiritual) um objeto qualquer, do presente ou do passado remoto, observou os efeitos do fluido magnético mesmeriano1 nesses pacientes, os quais então descreviam cenas relativas às épocas da pessoa a quem pertencia o objeto psicometrado.
Foi-se impondo a Buchanan a convicção de que as exalações poderiam ser emitidas por todas as substâncias, até mesmo pelo corpo humano, que certos sensitivos poderiam sentir e interpretar em seu estado normal. Surpreso com a implicação de tal possibilidade, afirmou:

“O passado está sepultado no presente, o mundo é seu próprio monumento duradouro; e o que é verdadeiro para sua carreira física é igualmente verdadeiro para sua carreira mental. As descobertas da Psicometria nos permitirão explorar a história do homem, como as da geologia nos permite explorar a história da terra. Existem fósseis mentais para os psicólogos, bem como fósseis minerais para os geólogos; e acredito que daqui em diante o psicólogo e o geólogo andarão de mãos dadas, um retrata a terra, os seus animais e sua vegetação, enquanto o outro retrata os seres humanos que vagaram por sua superfície nas sombras e na escuridão da barbárie primitiva. Sim, agora foi descoberto o telescópio mental que pode perfurar as profundezas do passado e nos trazer à vista das grandes e trágicas passagens da história antiga."

Buchanan considerava a Psicometria (do grego psykhe, alma + metron, medida), termo que cunhou,2 uma faculdade humana que não envolvia a intervenção de Espíritos – e Buchanan tinha uma relação de proximidade com os Espíritos (e foi um fervoroso defensor das irmãs Fox), pelo que terá chegado a essa conclusão em resultado das experimentações e não por descrença.

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Alguns autores incluem não apenas o passado, mas também o presente e o futuro, na abrangência de informações precisas sobre particularidades e fenómenos ligados a objectos, lugares e pessoas, próximas ou distantes, encarnadas ou desencarnadas.

Várias obras literárias espíritas trazem alusões à Psicometria; destas, a obra a que mais reflexões e pensamentos oferece é de autoria de Ernesto Bozzano: Os Enigmas da Psicometria (1926). O autor começa por afirmar que a Psicometria não passa de uma das modalidades da clarividência, e a ela (Psicometria) pertencem seus enigmas. Cita que, pela hipótese psicométrica, o possuidor de um objeto impregna neste uma “influência” real, a qual tem a propriedade de receber e reter toda espécie de vibrações e emanações físicas, psíquicas e vitais.

Não obstante, para Bozzano, tais poderes psicométricos de uma pessoa viva em grande parte são imaginários e que tal “influência” apenas persiste no objeto psicometrado, possibilitando a ação pela faculdade clarividente e telepática do sensitivo. Comentando isso, Bozzano declara que a sua opinião não invalida a hipótese de outros pensadores, que acreditavam que o objeto, ele próprio, revelaria sua história. Deduz ainda sobre a existência de um “fluido pessoal humano” (o fluido magnético mesmeriano, de Buchanan?), ligando-se aos objetos. E arremata: “a penetração dos segredos biográficos da matéria inanimada, permanece bem mais misteriosa”.

Bozzano comenta, de par com inúmeras narrações de casos psicométricos, que há sensitivos que, às vezes, conseguem entrar em contacto com os reinos vegetal e animal, a tal ponto se identificando com a “influência” contida no objeto psicometrado que se diria apropriarem-se das sensações, dos entendimentos, das vibrações e sensações rudimentares dos organismos ou substância estudados.³

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Em sentido contrário a Buchanan, de um modo geral e particularmente no espiritismo a capacidade de extrair do ambiente ou coisa a sua realidade ou conteúdo é uma rara faculdade mediúnica. Sendo faculdade mediúnica ou capacidade anímica, certo é que está a ter êxito no que concerne a achados arqueológicos, e segundo a série "Investigadores Psíquicos", no Discovery Channel, pessoas dotadas de psicometria têm auxiliado com sucesso na investigação policial de casos criminais complexos em que as pistas materiais são escassas.

1 J. R. Buchanan foi o descobridor do frenomesmerismo, uma aplicação dos princípios do mesmerismo à frenologia, um meio de discernir a natureza da personalidade de um indivíduo a partir do exame do crânio.

2 A partir de 1934, com J. B. Rhine a palavra psicometria para designar a faculdade ficou como que dissolvida na Percepção Extra-Sensorial (PES).

3 O Campo de Energia Universal impregna todo o espaço, os objetos animados e inanimados, e liga todos eles entre si; flui de um objecto para outro...