Vampirismo


Calma, não me refiro a esses terrificantes sugadores de sangue de caninos afiados das lendas; falo de sugadores de energia que exercem tão nefasta influência sobre o psiquismo das suas vítimas – influência no sentido de reproduzirem por eles o que não podem materialmente produzir.

«A descoberta da antimatéria e da interpenetração dos mudos físicos e não físicos explicou também, necessariamente, a convivência de Espíritos e homens corpóreos num mesmo espaço, mas em diferentes dimensões da realidade.

As pesquisas sobre reencarnação, implantadas na Universidade de Moscovo pelo Prof. Wladimir Raikov, propagaram-se às demais universidades soviéticas. Sendo os Espíritos nada mais que os homens desencarnados, é fácil compreender-se que as relações entre homens e Espíritos, no campo afectivo e mental, permitem as ligações de espíritos viciados com homens de tendências viciosas. Esse o novo tipo de vampirismo que surgiu das pesquisas espíritas em meados do século XIX. Os problemas da perversão sexual, do alcoolismo, dos tóxicos e das tendências criminosas entram assim numa nova perspectiva, escapando ao círculo fechado da hereditariedade biológica, dos processos endógenos para a abertura dos processos exógenos.» (Vampirismo, J. Herculano Pires)


É como Herculano Pires diz. Esta vampirização se nem sempre adquire contornos tão dramáticos é, no entanto, tão frequente que raramente conseguimos dissociá-la das mais variadas afecções, pela atracção dos semelhantes.

Porém, os homens não se transformam em vampiros depois de morrerem, é que já o são antes de morrerem. Isto significa que além dos que não vemos também há aqueles de carne e osso e que tantas vezes partilham a mesma casa, o mesmo local de trabalho, os mesmos sítios de recreio e lazer. E posso ser eu e o caro leitor. Os vampiros de um lado e outro da vida sugam energia, saúde, alegria, vontade de viver. Vivem eles porque roubam a vida alheia. (Quem pode chamar-me de mentiroso?)

Acrescendo ao facto de sermos sistemas abertos, em que acontecem trocas de energia permanentes e de forma espontânea para promover o equilíbrio de nível entre vasos comunicantes, existe também a vontade, que canaliza para ou absorve de. Os vampiros, consciente ou inconscientemente, absorvem, porque são tão rasteiros ainda que não conseguem gerar a sua própria luz. Aliás, odeiam a luz, mas como precisam dela comprazem-se no furto e nas nefastas consequências que isso tem para o que da sua própria luz fica privado, de modo fugaz se sabe e consegue elevar-se até à Fonte, de modo duradouro se não sabe nem consegue elevar-se.

Vendo bem, cada um ocupa o seu lugar no espaço e no tempo que lhe é próprio. Natura non facit saltus.









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