À conversa com Espíritos - IV


- Fátima, o fenómeno de Fátima, continua irresolvido, porque não cabe numa explicação de um único sentido, ou seja, parece ser a combinação de dois tipos de intervenientes e, logo, de dois modos de intervenção. Pelo menos.

Explico: em geral, os fenómenos mediúnicos correntes envolvem a participação de Espíritos e homens; ora, para a produção de um fenómeno da magnitude deste que tratamos será que não houve o concurso reunido de Espíritos e humanos de outros planetas, vulgo alienígenas? É que além de ser teoricamente possível e fazer parte da economia divina a colaboração solidária entre mundos, aquilo que se sabe dos acontecimentos fora da versão oficial da Igreja aparenta conter materialização, holografia, OVNIS, enfim, uma série de ingredientes que envolvem Espíritos, ectoplasma, tecnologia extra-terrestre…

Que têm a dizer sobre isto?


- Deus não é pertença de nenhuma religião. Se os factos tivessem sido conforme a versão da Igreja católica, isso seria Deus a dar-lhe d’Ele o exclusivo e a validar-lhe as teses que defende e a pretensão hegemónica. Deveriam os crentes interrogar-se sobre a razoabilidade da narrativa, que eleva a paranormalidade a derrogações da lei em favor de eleitos e rebaixa Deus vergando-o com lamúrias, oferendas e mortificações.

E o que é que as crianças realmente viram? Tudo o que consta na história das aparições de Fátima ou somente parte? Do que contaram o que pertence ao domínio do objectivo e o que pertence ao domínio do subjectivo? Além de as crenças, a imaginação e as expectativas condicionarem as visões, a instabilidade política e económica da época, acentuada pela guerra a assolar a Europa, fortaleceu o enredo, assim como a revolução bolchevique serviu para acrescentar adendas a partir do momento em que a Igreja romana, em pleno Estado Novo, se apossou de Fátima para o folclore religioso. E acreditais mesmo que viram o fantástico inferno com suas labaredas?

Há a considerar que a mediunidade com as suas manifestações é património da Humanidade. Apesar de os acontecimentos de Fátima terem sido preditos a grupos espíritas, a mediunidade não existe em função do espiritismo, este apenas estuda os fenómenos. Pretende-se que o faça com rigor, julgando friamente os factos. Assim também com estes.

Como já referido em vez anterior, o infinito universo é povoado por número incontável de civilizações nos mais diferentes patamares evolutivos. Do mesmo modo que já ides aos planetas do sistema solar, e para fora dele, com sondas espaciais, que lei impede que civilizações planetárias bem mais avançadas que a vossa vos visitem e intervenham desde há muito? Quantos sonhos e intuições não vos povoam já as mentes no sentido de ultrapassar as constrições materiais do espaço-tempo?

Há uma eterização, ou subtilização, progressiva da matéria que compõe os organismos físicos, assim como da substância que compõe o perispírito. Em virtude desta progressão, há muitos momentos no caminho de encarnados e desencarnados em que as diferenças se esbatem e a comunicação entre ambos se torna fluida. «Assim na terra como no céu» tem, entre outros significados possíveis, também o de similaridade entre o que está acima e o que está abaixo, entre o todo e a parte, entre o macrocosmo e o microcosmo. (Ser filho de Deus, ou ser criado à Sua imagem e semelhança, significa que na criatura pode ver-se o criador). Portanto, traduzindo, em reunindo-se o mínimo de condições nada impede que encarnados alienígenas e Espíritos trabalhem em conjunto, como sabeis pelos anais da mediunidade e por experiência.

Que foi o “milagre do Sol”? É admissível que o Sol baile no espaço sem que isso tenha implicações dramáticas na gravitação dos planetas que o orbitam? (Invocar o poder de Deus para justificar a ignorância apenas mais a evidencia.) Uma ilusão colectiva? Se sim, que ou quem a provocou? Se não, que explicações alternativas à ilusão e ao milagre? Nos relatos das testemunhas anónimas existem pistas que permitem uma leitura muito diferente da canónica. (Consegues imaginar o “terramoto” que seria se a Igreja apresentasse de chofre uma versão a contradizer a que tem mantido desde há décadas e décadas? Não o pode fazer.)

As respostas mais directas que daremos às questões postas são as seguintes: nos vários episódios do “Anjo” houve o que a ciência espírita denomina materialização, e correspondente ectoplasmia, e o ser denominado “Senhora” não era holograma.

Do agora dito tirem as vossas conclusões, mas indubitável só será o resultado das vossas investigações e estudos. Com umas e outros mais luzes surgirão, iluminando de vários lados, e o conjunto ficará claro à vista de todos.

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