Fátima


Não é honesto negar que algo inusual aconteceu em Fátima. Mas já são duvidosas as afirmações de Lúcia. Existe uma versão forte de que ela não viu nem ouviu nada, soube o que Jacinta e Francisco contaram do que viram e ouviram. Mas admitindo que foi testemunha directa dos acontecimentos, salta à vista que muito do que lhe é atribuído é tão pobre de significado que ou ela não disse aquilo ou foi instruída a dizer aquilo para servir interesses obscuros.1

Feita a ressalva, debrucemo-nos sob alguns aspectos interessantes da narrativa, que podem ter significado e ser aceites se devidamente interpretados.

O anjo. Ao que consta, já desde 1915 que naquela região andavam a aparecer seres fantasmáticos com aspecto de rapazes de 14 ou 15 anos. No que aos destes pastores concerne, a descrição do caso aponta seguramente para o fenómeno de materialização, com o acrescido desgaste energético de se realizar à luz do dia, porque é necessária muita mais quantidade de ectoplasma. Tanto assim que as crianças ficavam durante dias na mais completa prostração (são relatados efeitos semelhantes em alegados encontros com alienígenas). Como houve repetição de fenómenos de efeitos físicos com recurso a quantidades exorbitantes de energia das crianças, será que esse desgaste aliado ao deficiente regime alimentar próprio da realidade delas, e da época, contribuiu para a debilidade física e imunitária que as tornou vítimas da gripe espanhola?2

A Senhora. A dita senhora media uma altura aproximada de 1,10 metros e aparentava uma idade semelhante à das crianças (e, ao que dizem, tinha encantatórios olhos negros). Em momento algum se identificou como Maria, mãe de Jesus, ou como qualquer figura feminina venerada pela Igreja Católica. As nominações que depois vieram são fruto da manhosice. Pelo modo como procedia (o modo de aparecer e de desaparecer, o imobilismo total, mesmo o dos lábios quando era ouvida falar) semelha-se muito a um holograma. Esta hipótese, pela facilidade de realizar, reforça a tese dos que defendem que Fátima é basicamente uma manifestação de alienígenas de outros planetas deste universo, ou até de outro universo. Mas pode ter sido uma projecção de imagem efectuada por outra técnica.

O “milagre do Sol”. Pela maneira como é descrito também encaixa na perfeição na mesma tese, atendendo às virtualidades atribuídas aos objectos voadores não identificados.3 Todavia, há literatura espírita a dizer que os Espíritos, enquanto seres distintos dos extraterrestres, têm veículos que usam regularmente nas suas actividades. Será que não há aqui uma grande confusão, em que não se destrinça seres encarnados, com maior ou menor densidade na sua constituição física, de seres desencarnados, também eles com invólucros de maior ou menor densidade? Imaginando um mundo de nível bastante superior ao da Terra, fica fácil imaginar os seus habitantes com corpos materiais bem menos densos que os nossos, a ponto de os podermos tomar por Espíritos. Talvez não seja possível estabelecer com exactidão uma linha divisória entre um ser encarnado de um mundo de nível elevado de um ser desencarnado de um mundo de nível inferior àquele, mas seria útil para desambiguar as conversas que se convencionasse essa separação.4

É também razoável que pela solidariedade que reina entre mundos, sobretudo a nível de inteligências, que os acontecimentos de Fátima possam ser um fenómeno misto, de colaboração entre Espíritos e seres corpóreos de outros planetas, onde também a ainda muito desconhecida e complexa mediunidade, que tem relação de proximidade com a hipnose e o sonambulismo, esteja revestida de aspectos que por ora ignoramos.

A chamada “realidade” é construída pela mente a partir de estímulos sensoriais e só existe na mente. No sonho existe uma realidade que responde a estímulos sensoriais sem a existência de objecto, o objecto é a própria mente, porque vivemos num universo de pensamentos – os nossos e os dos outros, outros que são os “objectos” que vemos iguais a nós, e os alienígenas de qualquer estado em qualquer dimensão ou universo. O exercício da mediunidade conecta pensamentos, mas não se isenta do ruído onírico, pelo que corre-se o risco de levar-se à conta de interferência na mente o que é criação interna (assim como julgar-se que é propriedade nossa o que ao alheio pertence).

1 É intrigante o facto de terem enclausurado a adolescente a toda a pressa e assim a terem mantido toda a longa vida.

2 A acreditar naquilo que se lê na história oficial das aparições, fica ainda mais estranho que a quem já estava sujeito a tantas privações os seres visitantes supostamente nobres lhes pedissem jejuns e outras penitências. Se realmente o fizeram, seria com o propósito de provocar nas crianças um estado favorável à recepção do que aí vinha? E a recitação do terço, que é um mantra e não outra coisa, visava alcançar um estado de relaxamento, meditação e contemplação?

3 A este propósito, uma observação continuada e regular do céu nocturno permite verificar os movimentos singulares desses objectos. Quando subitamente desaparecem apenas se tornam invisíveis por um qualquer processo desconhecido, ou aceleram para outra dimensão (outro universo)?

Hilary Evans, em The evidence for UFOS, também considera que “Há muitos casos nos quais o elo mediúnico ou parapsicológico é fundamental na sequência dos acontecimentos e se constitui um elemento essencial no conjunto das provas testemunhais”. Tem mais: é plausível que o observador possa dirigir mentalmente os movimentos dos OVNIS – o que só vem complicar ainda mais esta questão.

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