O Reino dos Céus é das crianças?
Se aquele é um estado ideal, feito de inocência e candura? Um estado de ingenuidade é; se é ideal, isso já é discutível.
Por quê e para quê a encarnação? Se os seres que nascem vêm num estado de pureza, a finalidade da encarnação é tornarem-se impuros, em muito devido à mente analítica que os situa no aqui e agora? Aceitar esta explicação é considerar e aceitar a involução - e considerar e aceitar que na verdade somos todos anjos que caem.
A mente subconsciente pode aceitar esta teoria, já a mente consciente não a pode aceitar. Se o consciente existisse apenas para nos perdermos dos céus, já que é o que ordinária e massivamente acontece visto sob aquela perspectiva, bem cruel seria quem nos sujeita a tal prova, porque de antemão sabe, pela experiência dos milénios, que a reprovação sucede geração após geração. Considerar que um qualquer avatar vem remediar o erro inicial que se perpetua e replica é coerente com o corpo da doutrina que inclui a queda, mas pertence ao reino dos sonhos.
Aceitar um deus que se presta a este jogo de azar onde os humanos sempre perdem é contrário à razão; a mente analítica do consciente existe fundamentalmente para dar um sentido lógico à existência – e domar o subconsciente, que é onde se alojam os múltiplos reflexos condicionados de sinal negativo que, esses sim, comummente nos impedem o crescimento espiritual, a iluminação da consciência, pelas impurezas acumuladas ao longo das múltiplas existências e que se insinuam a cada momento no consciente.
Quando se apela ao homem que desperte, pede-se tanto que seja senhor do consciente, como acorde do sono em que o subconsciente o mantém. Com o despertar, identifica-se o que é negativo e elimina-se, e identifica-se o que é positivo e exponencia-se. O subconsciente torna-se acessível ao consciente e a letargia dá lugar à criatividade.
Comentários
Postar um comentário