À Conversa com Espíritos - XXVIII


- 1. A produção de ectoplasma é fisiológica e pensa-se que está associada à motilidade mitocondrial;

2. Estão identificados uns 40 eventos ectoplásmicos, dentre os quais as materializações, notadamente a materialização de Espíritos;

3. É verificável que nestas materializações a doação de ectoplasma faz perder massa e provoca acentuada fadiga física;

4. Costumeiramente fala-se em fadiga fluídica como se houvesse um fluido vital contido no duplo etérico e que se perde por transferência nos passes magnéticos ou até de modo espontâneo;  mas se esse fluido vital não existe e não se entende o desgaste perispirítico, pois se a sua formação é instantânea não se vê obstáculo à reposição também instantânea em caso de doação;

5. Como se  verifica que a fadiga pode acontecer não só na prática do passe, mas também com a participação nas reuniões mediúnicas, parece, pois, que não é um fluido sem nome, ou vago como “perispírito”, mas sim o ectoplasma o agente principal na fadiga, pela múltipla aplicação e constante doação.

 


- As mitocôndrias pela sua vibração contínua são consideradas as “fábricas de energia” das células. É aí que de facto o ectoplasma é gerado, e são os genes mitocondriais que marcam o tempo de vida, não um qualquer reservatório de fluido com que o organismo seja dotado.

Sendo produção fisiológica o ectoplasma tem de ter existido desde os primórdios da humanidade; portanto, sob uma designação ou outra tem de ter sido nomeado. Assim é,  de facto, sendo exemplo Paracelso,  que no século XVI chamou-a de mysterium magnum.  Como o neologismo “ectoplasma” só surgiu a partir de 1903, criado por Charles Richet, Kardec não podia ter utilizado o termo. Por isso, não o refere explicitamente, mas quando diz  que o fluido curativo transmitido por médiuns e magnetizadores é o perispírito [RE, Set65. Mediunidade Curadora], temos de pôr implícito que o que de facto flui é ectoplasma, pertencendo ao perispírito a tal “acção dinâmica produzida por uma função de onda vital” [ver antigo anterior, que este complementa].

A inespecificação tem duas causas: uma, a não divisão do perispírito em camadas,  ou corpos, ou campos, mas sim um todo onde o que  chamam duplo etérico se engloba. Não é assim tão importante a classificação, até porque não há acordo universal nas divisões e subdivisões, importante é que se identifiquem correctamente as características, os meios e os fins do ectoplasma; outra, a explicação sucinta e talvez por isso inexacta que foi dada a Kardec e que o induziu a teorização também inexacta.

Na Revista Espírita [Jun58 – Teoria das Manifestações Físicas (segundo artigo)] vem transcrito o diálogo a partir do qual Kardec fundamentou a teoria. Resumidamente o diálogo ensina que: i) para se materializar o Espírito combina uma parte do fluido universal com o fluido que o médium libera, próprio a esse efeito (sabe-se agora que é o ectoplasma); ii) [o ectoplasma] é  semi-material; iii) [o ectoplasma] é o que compõe o perispírito e é a ligação do Espírito à matéria. Porém, há aqui um equívoco, pois o ectoplasma não é o que compõe o perispírito, já que os Espíritos têm perispírito e não têm ectoplasma. O ectoplasma liga o perispírito ao corpo físico; iiii) [o ectoplasma] é o fluido que dá vida, o princípio vital. Contudo, logo depois diz que o princípio vital é o fluido universal, o que está correcto e invalida a afirmação anterior, já que não são, efectivamente, a mesma coisa. (Mas ressalve-se: a Revista Espírita foi como que o laboratório onde Allan Kardec ensaiou o Espiritismo; tanto assim que, por alguma razão, deste diálogo apenas aproveitou o ponto i). [LM IV, 74-VIII; LM VI, 105] Seja, pois, estudo complementar.)

Portanto, é conveniente a distinção de elementos e a clarificação de conceitos para que o conjunto, a teoria seja precisa tanto quanto possível a fim de que não se fique enrolado em ilusões empíricas.

Mas, em defesa da honestidade dos intervenientes do diálogo, consideremos: tal como havia previsto Kant (sim, o filósofo, e vénia lhe seja feita) as ideias dos Espíritos não podem ser transmitidas ao homem da mesma forma que um Espírito se comunica a outro. Resulta daí que para se comunicarem com os homens precisam de adaptar as suas ideias por meio de representações que encontram na dos homens cultura, por analogia, e tomam raciocínios e conjecturas da ciência terrena. Acresce que os conhecimentos, e valores, têm de fazer parte do património intelectual dos médiuns, caso contrário a probabilidade de desvio em relação ao pensamento do Espírito comunicante aumenta consideravelmente. E é imprescindível que quem faz a análise, preferencialmente em grupo, esteja familiarizado com o tema (e, diga-se de passagem, esse é um óbice de monta).

Para terminar e em resposta ao principal da questão: o homem no exercício do magnetismo e da mediunidade fatiga-se porque exala ectoplasma, o Espírito não se fatiga porque não tem ectoplasma para exalar. (Há Espíritos recém desencarnados que se queixam de fadiga no decorrer das manifestações, mas tal deve-se à ainda grande ligação perispiritual à matéria, de que lhe sentem os efeitos.)

 

 

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