À Conversa com Espíritos - X


- A propósito da escolha de identidade corpórea na encarnação, os Espíritos disseram que pouco lhes importava ser como homem ou ser como mulher, que o que guiava na escolha eram as provas por que haviam de passar. A partir desta resposta, Kardec deduziu ser indispensável essa alternância para se poder conhecer e adquirir o melhor de cada género. A dedução faz sentido, mas não será essa alternância que está na origem da homossexualidade? Esta é uma decorrência natural de quando anatomia e polarização (psiquismo) são incoerentes? Léon Denis, em O Problema do Ser, do Destino e da Dor, diz, e passo a citar: «Cremos de preferência, de acordo com os nossos guias, que a mudança de sexo, sempre possível para o Espírito, é, em princípio, inútil e perigosa. Os Espíritos elevados reprovam-na».


- É um tema pertinente pela grande exposição pública e não menor impacto social de que se reveste. Não faltam tentativas de explicação, mas se nos termos da equação não for incluída a reencarnação e a possibilidade de encarnar quer em corpo feminino quer masculino fica-se aquém da explicação satisfatória. Tem de ser considerado que a definição cromossómica entre X e Y não é propriamente aleatória: o Espírito que vai habitar o novo corpo como que atrai magneticamente, porque o deseja - e, daí, sem necessariamente uma intervenção consciente -, o cromossoma que lhe dará a veste feminina ou masculina. Tem mais: os campos energéticos que compõem o perispírito transportam considerável acervo de informação que irá descarregar na nova personalidade, imprimindo-lhe as idiossincrasias que se venham a manifestar.

É reconhecido que há polaridade masculina e polaridade feminina e que todos carregam essas duas forças. Explica Jorge Andréa [Forças Sexuais da Alma] que «Enquanto o Espírito não se apresenta integralizado em sua dupla força sexual, exteriorizará sempre, no processo reencarnatório, a posição que está a exigir experiências e vivências na zona física. (…) Tanto os espíritos masculinos como os femininos expressam-se e imprimem condições condizentes com a sua posição genotípica, existindo as variações de polarização do sexo ou mesmo integralização desses potenciais por condições evolutivas.» Ou seja, apesar de os Espíritos não terem sexo anatómico, tem uma masculinidade ou feminilidade “genótipa”, digamos assim (e têm-na devido a hábitos e vivências repetidas em vidas passadas); o fenótipo, a «posição que está a exigir experiências e vivências na zona física» nas palavras de Andréa, pode não corresponder ao genótipo, porque este é apenas um dos três factores conhecidos que determinam aquele – e o factor epignético está sujeito aos impulsos mentais e electromagnéticos dos seres inteligentes, energéticos e preexistentes ao corpo a que se dá o nome de Espíritos –, e uma reencarnação “trocada” ao invés de ser um castigo é uma oportunidade para trabalhar a atrás referida integralização de potenciais.

Não nos pertence fazer juízos de valor acerca da homossexualidade, não somos juízes de ninguém. Reconhecemos que há «variações de polarização do sexo», mas como entendemos que nas causas destas variações não há diferença adjectiva relativamente às causas das tantas “distopias” que oprimem os homens, não vamos criar uma desigualdade de tratamento particularizando-as, até porque sendo um assunto sensível facilmente seríamos mal interpretados.

Quanto ao diferente entendimento de Allan Kardec e Léon Denis sobre a mudança de sexo na encarnação: apenas respondemos por nós, a responsabilidade por aquilo que outros dizem não nos cabe. Podemos concordar ou discordar, mas continuamos a não ser donos da verdade; o que o nosso saber alcança diz-nos que é útil encarnar nos dois sexos.

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