À Conversa com Espíritos - XXX


- Ao mesmo tempo que ao mundo latino os Espíritos afirmavam a reencarnação,  ao mundo anglo-saxónico negavam-na. Questionados a respeito, a falsidade foi relevada com a incapacidade de a mentalidade anglo-saxónica aceitar a reencarnação. Sim, o obstáculo foi ultrapassado, mas não poderá haver falsidades disseminadas conscientemente na revelação espírita devido precisamente à mentalidade de então, ainda muito presente, até porque Kardec fez perguntas incómodas?

  

- Quando vos debruçastes sobre as evocações consta da resposta à pergunta uma citação de Ernesto Bozzano onde enumera motivos para a razão de ser de mentiras proferidas por entidades espirituais inferiores. Dentre eles sublinhamos aquele de “E, acima de tudo, evitando o perigo de uma revolução social demasiadamente violenta, que infalivelmente ocorreria se a nova orientação do pensamento ético-religioso tivesse de impor-se a massas sem preparo, com perniciosa rapidez”.

Contraporeis: “Ah, mas aqui fala-se em entidades espirituais inferiores e o Espiritismo é dos Espíritos superiores.” Sim, os Espíritos superiores orientaram realmente a doutrina, mas se estiveram atentos verificaram que Kardec e quem o acompanhou receberam comunicações de toda a categoria de Espíritos com a finalidade de que pudessem comparar, raciocinar e estabelecer uma lógica e sua comprovação. 

Se dissermos que os Espíritos superiores permitiram a disseminação de falsidades podereis pôr em causa a seriedade da doutrina; se dissermos que não, como encontrais erros podereis duvidar da veracidade da mesma. O que podemos assegurar é que os Espíritos não trouxeram conscientemente falsidades à teoria espírita, trouxeram sim bases necessárias ao conhecimento progressivo da humanidade, trouxeram ensinamento mediante o entendimento do homem. Se o entendimento aumenta, o ensinamento desdobra. Nesse trâmite ainda não cessou a parceria entre homens e Espíritos.

Vêde: ao tempo de Kardec o Espiritismo era considerado uma ciência filosófica; era assim chamada porque  racional e experimental e com critérios específicos. Delanne, um espírita autêntico, escreveu:  “Segundo o método científico, desde que bem definidos ficam os efeitos de uma causa, basta depois se observem os mesmos efeitos, para haver a certeza de que a causa não mudou. Regra idêntica se deve aplicar no estudo dos fenómenos do Espiritismo. [A Alma é Imortal]” Ora, não só aos fenómenos mas também à coerência das informações repetidas em vários locais, bem assim como ao alcance das consequências morais que delas dimana. Quer-nos parecer que ao conjunto da obra o que não falta é coerência, bem como convite à elevação moral, mas uma moral fundada na liberdade, jamais na imposição e no jogo das recompensas e castigos.

Quer-nos parecer também que a explicação dada na Revista Espírita [Fev62. A Reencarnação na América], é satisfatória o bastante para acalmar a mente.

 

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