À Conversa com Espíritos - XXIV

-Camille Flammarion escreveu uma ficção didáctica em forma de diálogo em que um dos interlocutores  habitava Capela  (RE, Março e Maio de 1867); em 1939 é lançado o livro A Caminho da Luz (Francisco Cândido Xavier/Emmanuel) onde é contado o exílio para a Terra  de milhões de Espíritos  oriundos de um orbe de Capela; inspirado nesta narrativa   Edgar Armond publica em 1951 Os Exilados da Capela,  onde desenvolve as ideias de Xavier/Emmanuel. Decorrência: a narrativa é hoje uma verdade instalada,  e inquestionável, no movimento espírita. A dúvida: é matéria suficiente para ser aceite como verdade,  ou é um daqueles casos em que uma mentira repetida muitas vezes passa a ser uma verdade?


- Como aferir o que só tem por base a confiança na palavra dos Espíritos?

Fique claro de uma vez por todas: quando os Espíritos julgam que um novo princípio,  uma nova ideia precisa ser incorporada, transmitem o novo princípio,  a nova ideia, espontaneamente, por diversos médiuns que não se conhecem,  em diversos lugares ao mesmo tempo. É assim que funciona, é assim que está estabelecido por uma vontade que não a vossa, e esse é um dos passos do controle universal do ensino dos Espíritos.  Aconteceu no século XIX; se voltará a acontecer Deus o sabe, não o homem. O outro passo, indispensável, é o da análise comparada de o que os Espíritos dizem (e de o que os homens dizem) com aquilo que está bem fundamentado,  seja com as ciências do mundo,  seja com o Espiritismo, e das ciências com o Espiritismo. É um trabalho permanente e inadiável, porque o desmazelo engorda mentiras. E é bom que não se apague o conselho de Erasto acerca do que se deve aceitar e rejeitar nas comunicações dos Espíritos. A mediunidade não tem a exactidão da matemática. 

A propósito do até agora dito, aconselhamos a  que façam uma leitura comparada de A Caminho da Luz  com A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne: se não é um caso de plágio, o que é plágio? E saibam que a primeira edição de A Caminho da Luz copiou o erro por larga margem  de Flammarion no que respeita à distância que vai de Capela à Terra. Edições posteriores corrigiram o erro, mas a sabedoria de Emmanuel perdeu credibilidade. 

Bem sabemos que Kardec não escreveu romances,  mas se querem saber Espiritismo têm de o ler. Ao menos isso. Se o Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal,  tem de agir como tal, ou seja, fundar conhecimentos sobre princípios certos. Não podem, por isso, os espíritas proceder levianamente tratando de deleitar o vulgo com o agradável, mas afastando os homens de ciência, a quem só o sério atrai [A. Kardec]. O Espiritismo será científico, ou não subsistirá. Mas o Espiritismo deve, antes de tudo, ser honesto [L. Denis]. O logro tem sido apelativo. Mas podem os adúlteros ser considerados espíritas?


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