À Conversa com Espíritos - XXI
- É voz corrente no meio espírita que o perispírito de Jesus demorou 1.000 anos a ser preparado. Tem fundamento a suposição?
- A questão 94 d’O Livro dos Espíritos diz que o Espírito tira o seu invólucro semimaterial do fluido universal de cada globo, que não é idêntico em todos os mundos, e que em passando de um mundo a outro o Espírito muda de envoltório, como os homens mudam de roupa. A alínea a) da mesma questão diz que quando os Espíritos que habitam mundos superiores vão a um meio mais grosseiro tomam um perispírito revestido da matéria desse meio (n’A Génese [Gn XIV, 10] explica-se que “Os Espíritos chamados a viver naquele meio tiram dele seus perispíritos; porém, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna.” Ainda, “os Espíritos superiores, encarnando excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm perispírito menos grosseiro do que o dos indígenas desse mundo.”), e a questão 187 reforça estas anteriores e acrescenta ainda que a mudança de substância do perispírito opera-se com a rapidez do relâmpago.” As afirmações supracitadas não contêm ressalvas; donde, é legítimo deduzir que é assim independentemente da evolução do Espírito.
Uma teoria irrefutável, ou seja, afirmar algo que não pode ser provado, e nem refutado, como verdadeiro, é uma falácia da explicação. Em outros termos, uma proposição que não pode ser testada e refutada não possui valor. A teoria exposta pelos Espíritos da codificação está testada pelos próprios, a outra, a dos mil anos, é irrefutável.
Qualquer informação de qualquer Espírito enquanto não for comprovada tanto pode ser verdadeira como pode ser falsa. Enquanto não se comprova pode acreditar-se ou não se acreditar, mas acreditar não é o mesmo que saber; pode admitir-se a possibilidade e investigar, e essa é a posição de quem ama a verdade. Se há informações contraditórias, no todo ou em parte, não podem ser todas verdadeiras - mas podem ser todas falsas. A aceitação como verdade daquilo que não está comprovado é crença.
Esse e outros mais ditos temerários não são inconscientes; pelo contrário, fazem parte de um plano de catolicização do Espiritismo, que equivale a esvaziá-lo e anular-lhe a influência. Dos dois lados da vida há quem seja averso ao progresso; manter os homens na ignorância é essencial para os manter subjugados. Não foi dito, aliás, que a luz veio ao mundo mas as trevas a odiaram porque mostrava quão más eram as suas obras? Mas foi dito também que nada pode deter a marcha do progresso e quem se lhe opõe será submergido pela corrente e por ela arrastado [LE 781].
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