À Conversa com Espíritos - XVII
- A panspermia defende que o surgimento da vida na Terra teve início a partir de seres vivos ou substâncias precursoras da vida provenientes de outros locais do universo. Além da indicação de que a formação das moléculas orgânicas que nos interessam é comum no Universo, leva também a crer que realmente há vida em outros planetas e que o espaço interestelar não é um ambiente tão hostil à vida como pensávamos. O LE (questão 45) reitera a ideia ao afirmar que os elementos orgânicos, antes da formação da Terra, “Encontravam-se, por assim dizer, em estado fluídico no espaço, em meio aos Espíritos, ou em outros planetas, esperando a criação da Terra para começar uma nova existência sobre um novo globo”.
A ser assim, é legítimo especular a existência de planetas em sistemas solares próximos com biodiversidade similar à da Terra, assim como interrogar se os gérmenes orgânicos vieram parar à Terra somente através de meteoritos com trajectos aleatórios, ou também semeados por viajantes do espaço?
- A passagem do inerte ao vivo revelou-se, para a Biologia, mais que um fosso, um abismo. A biologia moderna pôs em evidência a complexidade inaudita da menor célula viva. E sabe-se hoje que essa passagem do inerte ao vivo, apesar das sua extrema improbabilidade, se efectuou num tempo limitado. A consequência disso impõe-se por si mesma: a tese da emergência da vida por puro acaso, num Universo não concebido antecipadamente como favorável ao aparecimento da vida, tornou-se insustentável. A explicação dada n’O Livro dos Espíritos resolve, como veremos, o enigma do salto vertiginoso do inerte ao vivo.
Remetemos, em primeiro lugar, para o princípio antrópico forte, que considera que, para que todas as exigências prodigiosas que conduzem à humanidade sejam satisfeitas, deve haver necessariamente um programa e uma vontade por detrás disso. Mais: baseado na vasta dimensão e nas leis físicas consistentes do universo observável, cientistas de renome [como Carl Sagan e Stephen Hawking] argumentam que seria improvável que a vida não existisse em algum lugar fora do planeta Terra. Remetemos-vos em seguida para questão 55 [do LE. Diz que todos os globos que circulam no espaço são habitados e que o homem terreno está bem longe de ser, como acredita, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição]. Ora, não será surpreendente encontrar nestes globos não somente biologias vagamente semelhantes mas em tudo idênticas. Porém, não nos inclinamos para que gérmenes tenham sido trazidas por viajantes do espaço, por não haver essa necessidade.
Tendo sempre presente a Inteligência Suprema, mas rejeitando o criacionismo, vemos que a questão 44 d’O Livro dos Espíritos vai ao encontro da teoria da evolução química, como a 45 vai ao encontro da teoria da panspermia, e que as duas teorias não entram em conflito, pois tanto os defensores da panspermia quanto os da evolução química concordam que, onde quer que a vida se tenha originado, o processo deve ter ocorrido por evolução molecular.
Não percam de vista, e tentem entender o significado e o alcance, que sendo o Espírito o princípio inteligente do Universo e distinto da matéria, é necessária a união do Espírito e da matéria para a intelectualizar. [LE 23 e 25. Em LE 76 os Espíritos são definidos como os seres inteligentes da criação que povoam o Universo, além do mundo material, mas tal como Kardec comenta, “a palavra Espírito é aqui empregada para designar os seres extra-corpóreos e não mais o elemento inteligente universal.” Podemos concluir que Espírito como princípio inteligente e Espírito como ser extra-corpóreo referem-se ao mesmo mas em momentos e patamares evolutivos diferentes.]
Tenham ainda presente que as revelações divinas têm carácter excepcional; poderão acontecer, se Deus o julgar útil, quando a Ciência após porfiado esforço não conseguir apreender. Por isso, mesmo que eventualmente saibamos mais do que o que dizemos não vamos além do que a Ciência e a especulação humana alcançam. Outra nota de aviso sempre útil repetir: quando houver uma revelação ela acontecerá em vários locais ao mesmo tempo e por diversos médiuns e não de modo isolado.
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