À Conversa com Espíritos - XIII


- A propósito de algo que predisse e se realizou, um Espírito respondeu que só Deus conhece o futuro; que outra coisa não tinha feito senão sugerir aos consulentes determinada acção a fim de que se realizasse a sua predição. Ora, o que acontece uma vez pode acontecer inúmeras vezes (e desse modo temos a presciência como falácia. Não sendo falácia: a crença nos registos akáshicos tem suporte?), e juntando aqui a questão 459 d’O Livro dos Espíritos, que diz que com bastante frequência são os Espíritos que nos dirigem, isso prefigura a manipulação de marionetas, o que colide com o livre-arbítrio, e, portanto, diminui, se não anula, a nossa responsabilidade. Há em relação a isto outra linha de raciocínio?


- evidentemente outra linha de raciocínio. Todos os seres estão imersos no fluido cósmico; neste, deslocam-se e cruzam-se a todo o momento ondas mentais em profusão. Distribuem-se em várias faixas, ou comprimentos; dentro de cada faixa a sintonização tem espontaneidade, a não sintonização requer resistência, resistência que raramente é oposta, oposição que é decidida pelo livre-arbítrio. Visto por este prisma, opor resistência ou não opor resistência é sempre uma escolha livre. É um facto que em faixas de ondas mais longas os que nelas se encontram de um modo geral ignoram que há emissão, propagação e recepção de ondas mentais, e por essa ignorância vivem despreocupadamente desatentos e, portanto, são alvos fáceis. Julgam seus todos os pensamentos que lhes ocorrem (está estimado que são experimentados por dia entre cinquenta mil e setenta mil); episodicamente um ou outro pensamento extremo é atribuído à sugestão de uma entidade benévola ou malévola, consoante o teor e a ressonância obtida.

[A experiência demonstra que se pode atuar sobre o espírito dos homens, à revelia deles. Um pensamento superior, fortemente pensado, permita-se-nos a expressão, pode, pois, conforme a sua força e a sua elevação, tocar de perto ou de longe homens que nenhuma ideia fazem da maneira por que ele lhes chega, do mesmo modo que muitas vezes aquele que o emite não faz ideia do efeito produzido pela sua emissão. É esse um jogo constante das inteligências humanas e da ação recíproca de umas sobre as outras. Juntai-lhe a das inteligências dos desencarnados e imaginai, se o conseguirdes, o poder incalculável dessa força composta de tantas forças reunidas.] (Obras Póstumas. Fotografia e Telegrafia do Pensamento)

É certo e sabido que à força mental tanto pode estar aliada a inferioridade como a superioridade moral; desenvolvimento intelectual e moralidade não caminham a par. Resulta daí que a inferioridade, por a ser, quer, petulante, impor-se, e a superioridade, para impedir a auto-destruição e impelir ao progresso, propõe melhores modelos. É assim mesmo, e cada um de vós também é agente sobre terceiros; se conseguirdes impedir-vos de o ser, podeis exigir imunidade. É um jogo de equilíbrios e de escolhas, das quais resultam consequências, com as quais se aprende, mas não castigos, porque Deus não castiga quem não nasce ensinado. Já é mais que tempo de abandonar a perspectiva do deus ciumento e vingativo, que mais não é o reflexo da estultícia humana. Como diz uma filósofaQualquer religião ou ideologia pode ser degradada pela substituição do verdadeiro objecto de veneração pelo eu, geralmente disfarçado”.

Repara, porém: o livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo [LE 122]. Na sua infância precisa de ser conduzido, qual criança pelos pais; quando adulto, conduz-se por si mesmo. Só aqui o livre-arbítrio é pleno.Acerca da presciência vamos propor alguns tópicos para análise e discussão.

1) «- Os Espíritos conhecem o futuro?

- Isso ainda depende da sua perfeição. Amiúde apenas o entreveem, mas nem sempre lhes é permitido revelar. Quando o vêem, ele lhes parece presente [tal como acontece com o passado]. O Espírito vê o futuro mais claramente à medida que se aproxima de Deus.»;

2)  «Muitas vezes, as pessoas dotadas da faculdade de prever, seja no estado de êxtase, seja no de sonambulismo, vêem os acontecimentos como que desenhados num quadro, o que também se poderia explicar pela fotografia do pensamento. Atravessando o pensamento o espaço, como os sons atravessam o ar, um sucesso que esteja no dos Espíritos que trabalham para que ele se dê, ou no dos homens cujos actos devam provocá-lo, pode formar uma imagem para o vidente; mas, como a sua realização pode ser apressada ou retardada por um concurso de circunstâncias, este último vê o facto, sem poder, todavia, determinar o momento em que se dará. Não raro acontece que aquele pensamento não passa de um projecto, de um desejo, que se não concretizem em realidade, donde os frequentes erros de facto e de data nas previsões.» [Gn XVI, 7];

3) Segundo o Princípio da Complementaridade enquanto aqui na realidade cósmica nós e as coisas existimos limitados pelo tempo e espaço, na realidade quântica ao mesmo tempo nós existimos omnipresentes no espaço e no tempo, estando em todos os lugares ao mesmo tempo, e em todas as épocas, no mesmo instante. Substitua-se “realidade quântica” por “como Espírito” e leia-se novamente;

4) Retrocausalidade é a teoria, alicerçada em testes experimentais, que diz que medições efectuadas no futuro podem influenciar o presente. Efectivamente, os factos das experiências sugerem que alguns efeitos intencionais podem envolver processos que, numa perspectiva convencional, retrocedem no tempo. Dito de outro modo para ser mais fácil de entender: pode o que ocorre no futuro afectar o presente? E pode o presente afectar o passado?;

5) Também se especula que talvez o tempo seja vibração de energia e espaço a dimensão onde ocorre o movimento. Se o tempo for apenas energia, assim a percepção conforme a vibração; daí, a noção da divisão do tempo em passado, presente e futuro por estarmos imersos num mundo físico tridimensional, mas em a consciência transcendendo estes limites essa divisão tende a desaparecer e essa energia transformar-se num agora.

Donde, temos em 1) aquilo que os Espíritos dizem, em 2) a explicação de Kardec a partir dos ensinamentos dos Espíritos, e em 3), 4) e 5) teorias que exprimem intuições acerca do tempo não-linear.

Akasha é igual a FCU (Fluido Cósmico Universal); o arquivo está dentro de cada um, a consciência mostra os registos. Querer saber o que não se está capaz de compreender origina interpretações erróneas, distorções, inexactidões. A teoria dos registos akáshicos é isso mesmo, uma teoria, que é divergente consoante a filosofia que a adopta, veja-se, p. ex., no taoísmo e na teosofia.


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