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Mostrando postagens de setembro, 2023
  A reencarnação e o problema do mal Ao pensar Deus e o problema do mal podemos deparar com o seguinte silogismo: Deus é omnipotente; Deus é sumamente bom; e, ainda assim, o mal existe. Ora, parece haver alguma contradição entre estas três proposições, de tal modo que, se duas quaisquer delas forem verdadeiras, a terceira será falsa. Decompondo: Se Deus é omnipotente e o mal existe, Deus não é sumamente bom; se Deus é sumamente bom e o mal existe, Deus não é omnipotente; se Deus é omnipotente e sumamente bom, o mal não pode existir. Em termos lógicos, esta argumentação não apresenta falácia. Assim sendo, e dada a presença real do mal, conclui-se pela inexistência de Deus. Só que para tornar conciliáveis a existência de Deus e a presença do mal no mundo, torna-se necessária uma premissa fundamental: a da existência da reencarnação. Indissociáveis da reencarnação estão dois princípios, ou leis: o de progresso e o de justiça. O princípio ou lei de progresso faz com que, ent
  L edores da sorte e toda a sorte de impostores      Cesare Lombroso em Fenomeni Ipnotici e Spiritice escreveu:      «Não há país da Europa onde os impostores ganhem tanto dinheiro quanto em Portugal. Aí são velhas que predizem o porvir, preparam filtros de amor e executam outras obras de feitiçaria.» O que acima se lê foi publicado em 1909; volvidos estes já mais de cem anos não podemos confirmar nem desmentir o primeiro lugar de Portugal na hierarquia dos ganhos de dinheiro pelos impostores, porque não conhecemos o que se passa nos outros países da Europa, mas esta continua a ser uma realidade em grande escala neste país de gente propensa ao fatalismo e à aceitação fácil do milagre como recurso para contornar o destino. Escasseando ainda o conhecimento e a racionalidade, não são somente velhas mas também novas e homens a predizer o porvir – e a fazer tudo o mais que se imponha que permita ganhar dinheiro à custa da ignorância e da inquietação e da dor alheia. É já uma
  A Mãe de Deus e Outros Absurdos $ A ideia de Maria Mãe de Deus refuta-se a si mesma de tão absurda. É um paradoxo sem solução. Mas existe porque é a versão cristã da ideação antiga e popularizada da deusa mãe, ideação esta que se confunde com a noção de Deus como Mãe, a substantivação feminina de Deus como Pai. Talvez aquela beneficiasse mais a psicologia humana. $ Para a Igreja católica a Senhora de Fátima é a mãe de Deus. É interessante notar que esta identificação só aconteceu depois que se apropriou do fenómeno, e isto quando verificou que não podia vencer a obra do demo, que era assim que catalogava o que estava a acontecer. Esta prática de usurpação tem antecedentes nesta religião, pois as grandes manifestações do seu calendário pertencem originalmente a cultos que lhe são anteriores. Mas o mais interessante nesta fábula da Nossa Senhora de Fátima Mãe de Deus é a rábula do inferno mostrado aos pastorinhos, que é das coisas mais inverosímeis e incongruentes que o